Estrutura digital de telefonia do Brasil condiciona a existência do PIX, afirma diretor do Banco Central
João Manoel Pinho de Mello durante o Almoço-Debate LIDE
O diretor de organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central do Brasil, João Manoel Pinho de Mello, disse que o novo sistema de pagamentos PIX depende da atual estrutura digital de telefonia celular no país. Ele participou do Almoço-Debate LIDE nesta sexta-feira (27), em São Paulo, com empresários e executivos de diversos setores.
O evento, que pautou a "revolução do pagamento", ocorreu de maneira híbrida, respeitando as regras de segurança sanitária. O chairman do LIDE, Luiz Fernando Furlan, o membro do Comitê de Gestão do LIDE, Roberto Giannetti da Fonseca, e o diretor-executivo do Grupo Doria, João Doria Neto, participaram da mediação do debate.
"A estrutura existente da telefonia celular permite que a gente distribua serviços por este canal. É muito difícil pensar num projeto desse [o PIX] sem essa infraestrutura estabelecida", definiu João Manoel Pinho de Mello. Segundo ele, não haveria possibilidade de implementar o PIX se não houvesse tamanha difusão de celulares pelo país.
"O Banco Central do Brasil não prestará serviços para quem paga ou recebe via PIX. Nós promovemos a infraestrutura de liquidação financeira e informacional. E cada PIX custa um décimo de centavo de real por transação para a empresa que recebe. No caso de pessoa física para pessoa física, sem fins comerciais, a transação é gratuita", explicou.
Para o diretor, além de oferecer agilidade, praticidade e segurança aos usuários, o novo serviço foi criado para reduzir despesas do Banco Central do Brasil para ofertar papel moeda no país. Por ano, são R$ 10 bilhões gastos com impressões de dinheiro. A expectativa é a formação de uma nova cultura, mais digitalizada, na avaliação dele.
"Até pelas características do país, nós temos o uso bastante presente de papel moeda. O Banco Central tem por obrigação ofertar papel moeda, inclusive em situações atípicas, e o fez inclusive nessa pandemia. O papel moeda é caro. É caro para o sistema financeiro e para todos os brasileiros, que pagam essa conta", afirmou.
Segurança e praticidade
Roberto Giannetti, membro do Comitê do LIDE, defendeu a inclusão da geolocalização nos itens de segurança. O diretor do BC se mostrou favorável e disse que a demanda já é avaliada pela equipe do Banco Central, entretanto afirmou que há entraves para ativação do recurso por causa da nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
"O PIX, assim como outros meios que já estão em vigor como o TED e o DOC, tem vários motores anti-fraude. É importante que isso esteja claro, pois os meios atuais são bastante seguros. Com o aumento do on-line, a gente está vendo a dificuldade e a reação da indústria", disse, ao garantir que eventuais lacunas de segurança são avaliadas.
O diretor do BC afirmou também que a "solidez do sistema financeiro é condição necessária para o crescimento econômico", principalmente no momento pós-pandemia. Segundo ele, o tempo médio de transação PIX deve estar entre 2 e 3 segundos, apesar do serviço permitir que a operação ocorra de 6 até 8 segundos.
"A vantagem de se pagar via PIX no varejo, por exemplo, é a experiência do usuário que não precisará de cartão. No varejo on-line, é ainda mais claro o benefício. Você gerará um QR CODE, pagará e, como a compensação é mais rápida, o produto poderá ser entregue antes. E do lado do recebedor, é vantajoso porque o custo será mais barato".
Panorama
A nova edição da edição do Índice LIDE - FGV de Clima Empresarial atingiu 6,1%, crescimento de 1,7% do levantamento realizado em julho de 2020, durante o Almoço-Debate LIDE com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O Índice é uma nota de 0 a 10 resultante de 3 componentes com o mesmo peso: Governo, Negócios e Empregos.
Segundo o acadêmico da FGV, Fernando Meirelles, presidente do LIDE Conteúdo e responsável pela pesquisa, o clima empresarial vai de encontro com a perspectiva de retomada econômica. "Tivemos uma melhora significativa", afirmou, indicando que o índice deve voltar a crescer novamente com o reaquecimento da economia brasileira.
Comunicação LIDE