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Por serem invisíveis, minorias têm que gritar, falar e cantar, diz Elza Soares

Cantora fez um 'show inédito' na sua carreira. Ela foi estrela do nosso Fórum de Diversidade 2019

“Eu hoje vejo um país muito adormecido, as pessoas muito caladas e eu não sei o que está acontecendo com o povo brasileiro”, provocou Elza Soares. 

A cantora realizou um 'show inédito' na sua carreira reunindo mais de 500 executivos de corporações no nosso Fórum de Diversidade 2019, em São Paulo, sendo mais um evento em comemoração ao nosso centenário. 

Para Elza, negros, mulheres e outras minorias só vão ocupar lugar de destaque na sociedade se as lideranças escutarem seus desafios. 

O problema é que as minorias de hoje estão esperando 'cotas de audição', ou seja, ter a permissão para falar e ser ouvido: "Temos que gritar e denunciar mais. Vencer o medo é a única saída", convocou ela, ao tratar do tema "A Luta Continua: Dialogue, Existência e Resistência". 

Nasce uma estrela

Mesmo sem apoio da família, Elza foi revelada no rádio, há 60 atrás, quando negros não podiam comercialmente aparecer na capa dos discos. Em 1953, ela subiu ao palco pela primeira vez, no programa de calouros de Ary Barroso. Ao entrar em cena, gargalhadas no auditório. Ary perguntou: "De que

planeta você veio, minha filha?. Mais risadas. A resposta veio seca e alta: "Do Planeta fome, seu Ary". 

A cantora reconhece que nem todo tem a sua voz potente que ocupa todos os espaços. "Só que todo mundo pode falar, gritar e se expressar sobre os problemas sociais. Quem perde permissão não ocupa espaços. Temos que gritar mais. Eu nunca perdi permissão, por exemplo, não tinha tempo", disse Elza, que na estreia do rádio cantou: "Se eu quiser fumar, eu fumo. Se eu quiser beber, eu bebo. Não me interessa mais ninguém. Se o meu passado foi lama. Hoje, quem me difama, viveu na lama também", recitou ela, em delírio dos presentes. 

O segredo é cantar

Para ela, "o segredo é 'cantar' mesmo quando o outro não quer ouvir ou em dias difíceis como o de hoje", emendou ela. Elza encerrou seu show convocando lideranças e executivos a formarem um coro único:

"A carne mais barata do mercado não tá mais de graça. O que não valia nada agora vale uma tonelada", adaptando um dos maiores sucessos da sua carreira, a menos de 10 dias do seu show no Rock In Rio. 

A presença de Elza, que lançou na última semana o álbum Planeta Fome, foi uma provocação para que as empresas brasileiras façam mais que cotas organizacionais, criando espaço mais amplos de fala e presença. 

"O negro não quer entrar em um escritório apenas para ser o aprendiz, porteiro ou serviços gerais. O mesmo acontece com mulheres, deficientes, gays ou qualquer outra minoria. Só enfrentamos nossos problemas históricos dando voz e não só presença", reforça Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil e primeira a mulher, em 100 anos, a comandar a instituição que representa 33% do PIB Brasileiro.  

André Inohara - Amcham Brasil

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