



negócios
fórum econômico
São Paulo, 22 de Março de 2025
Fórum Econômico Brasil-Portugal debate maior parceria em investimentos e comércio exterior
Numa iniciativa conjunta da ApexBrasil, da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e da Fiesp/Ciesp, foi realizado no dia 20 de Fevereiro em São Paulo, o Fórum Econômico Brasil-Portugal, que teve como objetivo reforçar os laços de parceria histórica entre os dois países.
Com uma movimentada agenda, o evento contou com a participação de diversas autoridades dos dois países, como o Primeiro-Ministro português Luís Montenegro; do Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do Presidente da ApexBrasil, Jorge Viana; da Administradora da AICEP, Joana Gaspar; do Embaixador Laudemar Aguiar, Secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério de Relações Exteriores do Itamaraty; e do Presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, anfitrião do encontro.
Tendo como principal objetivo reforçar os laços históricos de parceria econômica e comercial entre os dois países, esse importante evento fez parte da XIV Cimeira Bilateral, conferência oficial entre os governos de Brasil e Portugal que após sete anos de interrupção, foi retomado, com acordos abrangendo diversas áreas de interesse comum como educação, defesa, infraestrutura, investimentos, comércio exterior e, em especial, o acordo Mercosul-UE.
Iniciando a agenda do evento, o Primeiro-Ministro português Luís Montenegro apresentou um convite às empresas brasileiras para olharem melhor as
Veja as fotos do evento
oportunidades de investimentos em infraestrutura em Portugal, afirmando que o país vem desenvolvendo “um dos maiores programas de investimento público”, em referência ao chamado Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e mencionou a construção do novo aeroporto de Lisboa, além de grandes empreendimentos na área habitacional.
Segundo Montenegro, Portugal precisa de capacidade empresarial e de mão de obra e destacou que os recentes resultados favoráveis da economia do país, que cresceu 1,9% em 2024, graças também à participação de brasileiros, que somam mais da metade dos imigrantes que lá vivem.
Um recente estudo sobre comércio e investimentos da ApexBrasil indica que em 2025, Portugal deverá manter um superávit orçamentário e consolidar sua estabilidade econômica, mostrando mais de 500 oportunidades para alguns segmentos de interesse brasileiro como, por exemplo, combustíveis, minerais, produtos alimentícios, artigos manufaturados e commodities.
Entre 2024 e 2025, empresas portuguesas registraram mais de US$ 1,1 bilhão em investimentos no Brasil, tanto em projetos Greenfield como acordos de fusão e aquisição que geraram mais de 10 mil empregos diretos e indiretos.
O Primeiro-Ministro Luís Montenegro destacou que o Brasil tem muito crédito, capacidade instalada e potencial de crescimento nas áreas de inovação, tecnologia, inteligência artificial, setores estes de grande interesse e vocação do país.
Montenegro afirmou que a sinergia entre os dois países é promissora e deve refletir na criação de meios para que empresas possam ser mais competitivas: “como um bom exemplo, cito o WebSummit realizado em Lisboa em 202, que foi um grande sucesso e uma grande vitrine do potencial brasileiro nesse setor, uma vez que o evento contou com a participação de mais de 250 empresas”.
ALCKMIN
Discursando na sequência, o Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e de Serviços, Geraldo Alckmin destacou o aumento de benefícios para o Brasil e Portugal com a assinatura prevista para o segundo semestre de 2025, do histórico Acordo Mercosul-União Europeia, lembrando que Portugal foi muito importante para a conclusão das negociações entre os dois blocos: “Portugal foi decisivo junto à comunidade europeia para que nós pudéssemos, depois de um quarto de século, celebrar este acordo que reúne 720 milhões de pessoas no mundo e US$ 22 trilhões, para a gente poder ter uma sinergia e uma complementariedade econômica ainda maior”, afirmou.
Alckmin destacou que o Brasil aprovou recentemente a Reforma Tributária, que desonera investimentos e as exportações e citou um estudo do IPEA, mostrando que em 15 anos, ela poderá gerar um crescimento do PIB em 12%, dos investimentos em 14% e das exportações em 17%.
O vice-Presidente celebrou ainda a aprovação, no último dia 20/02, do regime de urgência na Câmara dos Deputados, para a tramitação do projeto de lei Acredita Exportação (PLP 167/2024), que permite a apuração de créditos tributários sobre receitas com exportações pelos optantes do Simples Nacional: “é devolução rápida do crédito a 13% do valor exportado para as pequenas empresas, que é um grande estímulo para que “elas também possam exportar mais e terem maior presença no mercado internacional -” enfatizou.
Assim como Luís Montenegro, Alckmin também convidou empresários brasileiros e portugueses a fazerem o mesmo em Portugal, especialmente na área de infraestrutura, citando oportunidades como portos, no novo aeroporto de Lisboa e no trem de alta velocidade que estão sendo construídos naquele País.
Pelo lado brasileiro, Alckmin destacou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos significativos também em infraestrutura e, em especial, a parceria entre a Embraer e a empresa portuguesa Ogman, no setor de aviação, envolvendo avanços em tecnologia, ciências, engenharia, com desenvolvimento e geração de empregos e benefícios para os dois países.
EXPORTAÇÕES
Dirigindo-se aos empresários que lotavam completamente o Salão Nobre da Fiesp, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, ex-governador e ex-senador do Estado do Acre e atualmente presidente dessa principal agência de fomento das exportações brasileiras, afirmou que o país deseja expandir os investimentos brasileiros em Portugal.
Segundo ele, os investimentos que o Brasil faz em Portugal, embora significativo, ainda é pequeno, pois o país tem condições de ter mais investimentos, de ser um parceiro ainda maior, de ampliar, dobrar ou triplicar o fluxo de comércio exterior com aquele país de relações tão históricas e importantes: “ a ApexBrasil trabalha com duas missões: a de promoção do Brasil no mundo e a atração de investimentos” - enfatizou
Jorge Viana declarou que pretende mudar o perfil do comércio bilateral entre o Brasil e Portugal, substituindo as exportações de petróleo por outros bens, revelando que o fluxo comercial com aquele país é em torno de US$ 5 bilhões e dos US$ 3 bilhões que exportamos, dois terços estão relacionados ao petróleo: “somos um grande produtor de petróleo, temos o pré-sal, mas acho que dá para melhorar ainda mais” – finalizou.
Rafic Ayoub / SP24h
