João Pedro Nascimento, da CVM: "Token é uma forma de melhorar a governança das companhias"
LIDE Next_Economia Digital também reuniu, na Casa LIDE, em São Paulo, Fábio Araújo, diretor do Banco Central, Leandro Vilain, diretor-executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da FEBRABAN, e Jefrey Santos, CTO da Capitual.
Casa LIDE cheia para o evento de economia digital em São Paulo
Novas possibilidades de investimentos mediante uma economia mais digitalizada, com agilidade e segurança, pautaram a edição do LIDE Next_ Economia digital, na Casa LIDE, em São Paulo, nesta quinta-feira (2). O evento ue debateu Moedas digitais e a nova economia, teve como expositores João Pedro Nascimento, presidente da CVM, Fabio Araujo, coordenador do projeto de desenvolvimento do real digital no Banco Central, Leandro Vilain, diretor-executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da FEBRABAN, e Jefrey Santos, CTO da Capitual.
O presidente da CVM fez a introdução do seminário trazendo, em síntese, as razões pelas quais a criptoeconomia pode ser o caminho mais sólido para o futuro econômico do Brasil, apontando direções que favorecem as transações, como aspectos de transparência e, inclusive, sustentabilidade. Segundo ele, a transformação digital no setor de investimentos trará mais transparência nos repasses financeiros, evitando, por exemplo, casos de corrupção por meio da demonstração ágil das movimentações.
Já na questão sustentabilidade, apesar de os ativos digitais ainda passarem por uma maturidade no sistema regulamentar de conduta, Nascimento coloca o mercado de carbono do país em alto patamar, juntamente com a expansão dos novos investimentos. O executivo reconhece que houve avanços nas regulamentações, como no caso do marco legal das criptomoedas (Lei 14.478/2022), sancionado no final do ano passado, mas pondera que é preciso existir clareza e mais assertividade nos futuros processos.
"O token é uma forma de melhorar a governança das companhias. Mas uma das minhas maiores críticas está em relação ao critpo que, para mim, é um tanto complexa e há desafios em torno disso. Por isso que é tão necessário manter uma linguagem acessível para alcançar o público geral, com clareza sobre todos os processos, para que o destinatário (investidor) possa ser uma espécie de juiz de valor e fazer seu investimento, sabendo o que está fazendo".
Dentro do planejado
Em seu discurso, Fabio Araújo, coordenador do projeto de desenvolvimento do real digital no BC, comentou sobre as inovações tecnológicas. No quesito positivo, ele aponta o PIX como uma espécie de "catalisador" e recurso pioneiro para a digitalização dos investimentos. Demonstrando em dados, segundo o diretor, logo no primeiro ano de lançamento, o sistema de pagamento permitiu que cerca de 40 milhões de brasileiros pudessem fazer uma transação bancária pela primeira vez.
Em seguida, Araújo reforçou que a iniciativa com os novos serviços do BC aconteceram de maneira favorável para chegar ao que discute-se atualmente: a implementação do real digital CBDC (Central Bank Digital Currency), lembrando que antes disso, além do PIX, houve a inserção dos serviços como Open Finance, Open Banking e Open marketing- que melhoraram o fluxo de troca de informações.
"Agora, o real digital vem com a proposta de oferecer maneiras de diminuir custos aos novos mercados que chegam ao Brasil. E o advento da tecnologia traz essa possibilidade de gerir serviços financeiros de maneira mais rápida e barata", afirma. "A proposta é que o ciclo de ativos digitais possa aumentar a movimentação no mercado, mas é imprescindível debater tal implementação com a sociedade", complementa.
Na ocasião, Araújo aproveitou adiantar sobre esse processo de debate sobre o real digital, indicando que a partir de maio o assunto terá mais maturidade para ser discutido com a população.
Volume de profissionais
O diretor-executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da FEBRABAN, Leandro Vilain, comentou que o Brasil já tem o maior mercado de Open finance do mundo, passando países do Reino Unido- fato muito graças à transparência e assistência do BC com a iniciativa privada. De acordo com ele, essa relação estabeleceu as normas para colocar as ações em prática.
"O maior desafio da nova economia está em fatores tangíveis, como a capacitação de pessoas no mercado de tecnologia digital. E a economia digitalizada demanda por mais gente. Você precisa de mais desenvolvedores, arquiteto de sistemas, que ainda são artigos 'raros'. Passado isso, o próximo passo desafiador do setor bancário é a questão da tokenização dos ativos, em especial, o real digital. Vemos que a tecnologia pode ser complexa, mas nosso objetivo é simplificar".
Sem estagnar
Jefrey Santos, CTO da Capitual, mostrou-se entusiasta de renovação ao comentar sobre o reconhecimento da revista Global Finance, que recentemente coloca o BC brasileiro como o mais inovador do planeta. Santos explica que as CBDCs possuem vantagens com a transparência, fato que pode barrar atitudes ilegais no sistema financeiro. No entanto, infraestrutura e segurança cibernética ainda são desafios na área.
Mesmo com os percalços existentes, o executivo se mantém otimista em afirmar que toda essa complexidade será superada com uma força-tarefa em conjunto com setores diversos do mercado, que devem discutir de maneira ampla e objetiva.
"O próprio PIX conseguiu provar que a sociedade clamava por inovação no método de pagamento e, graças a esse recurso, houve a democratização e amplo acesso às transações. É importante que governos e instituições financeiras continuem a investir em novas tecnologias, fortalecendo a economia global, tornando-a mais inclusiva. E trabalhando, juntos, conseguiremos superar os desafios que estão por vir. Deste modo, podemos criar um sistema mais justo e inclusivo para todos, e o futuro da economia global depende disso", enfatiza.
Comunicação LIDE
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