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Longevidade Expo + Fórum veio para ficar
Com mais de 150 palestras sobre os diferentes aspectos da longevidade, inovações em produtos e serviços de 153 expositores e público de mais de 10 mil pessoas, a Longevidade Expo + Fórum encerrou sua edição conceito, no Expo Center Norte, em São Paulo, já com vistas a 2020.
Foram três dias de intensas atividades que reuniram, além do público longevo, empresas e prestadores de serviços para a realização de networking e efetivação de negócios no evento. “Mesmo antes da realização desta edição conceito da Longevidade Expo + Fórum já tínhamos a convicção sobre a importância do tema em diversos cenários, como o da saúde, mobilidade, tecnologia, finanças, carreira, lazer, cultura, entre outros. Hoje, depois da realização do evento, entendemos que, além de ser um mercado repleto de oportunidades, com consumidores criteriosos e com poder de consumo, é também um segmento que precisa manter abertos os canais de discussão para propagar as suas necessidade e perspectivas”, analisa Francisco Santos, empreendedor e idealizador da Longevidade Expo + Fórum.
Ele completa: “Foram três dias de um grande evento, que promoveu uma interação muito especial entre os expositores, especialistas e consumidores, que ampliaram o leque de informações e nos mostraram novos horizontes, o que nos motiva a pensar nas próximas edições da Longevidade Expo + Fórum”.
Perspectivas em discussão
Um dos pontos fortes da Longevidade Expo + Fórum foi a variedade de assuntos abordados nas conferências e fóruns de discussão. Economia, carreira, finanças, moradia, acessibilidade, tecnologia,
saúde e bem-estar foram alguns dos aspectos abordados nos mais de 150 fóruns, com a participação de especialistas, jornalistas, economistas e celebridades.
Logo na abertura, o Governador de São Paulo, João Doria, que disse estar bem representado no evento aos 61 anos de idade, falou sobre o objetivo de desenvolver um programa de valorização profissional para pessoas com mais de 50 anos, pois, segundo ele, “quem trabalha e tem felicidade vive mais”. Já o Secretário Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, Cid Torquatto, que representou o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, ressaltou a importância da realização de um evento de negócios e relacionamento para o mercado 50+. “A população está envelhecendo, mas isso não quer dizer que essas pessoas têm que ficar de lado, se aposentar. Ao contrário, essa geração é a com maior potencial de fazer esse país crescer, gerar negócios, empreender, voltar para as empresas, então um evento como esse repensa a relação da sociedade com sua camada mais longeva”.
Para falar sobre trabalho, carreira e a capacidade de se reinventar depois dos 50 anos, foi realizada a DesConferência Lab60+2019. Sergio Serapião, do Lab 60+, que atua com a temática da longevidade há 14 anos e que coordenou a atividade, disse que o evento tem tudo para se tornar um marco para o mercado no Brasil e no exterior.
O evento também abordou o potencial de consumo dos longevos e como as empresas estão se posicionando para atender a essa demanda. Para se ter uma ideia, estima-se que os 50+ representem, mundialmente, um mercado de US$ 15 trilhões ao ano, sendo a terceira maior atividade econômica do planeta.
Para tratar do tema, o Simpósio Silver Economy trouxe especialistas como o economista e filósofo, Eduardo Giannetti da Fonseca, que afirmou que “precisamos entender a transição demográfica pela qual estamos passando no mundo e especialmente no Brasil, que resulta de três vetores poderosos de mudança: explosão populacional, queda da taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida”.
Outro participante do simpósio, o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, falou dos impactos da longevidade no cenário econômico. “À medida que encaramos uma expectativa de vida maior, entendemos que isso traz um aspecto dramático: o fato de que precisaremos poupar mais para termos a condição de nos sustentar no futuro. Mas, o lado curioso dessa questão é que a própria longevidade e a transição demográfica estão fazendo com que a taxa de juros da economia mundial seja muito mais baixa. Portanto, o primeiro desafio é poupar mais porque viveremos mais, e o segundo é encontrar o melhor caminho para fazer isso, uma vez que a forma que conhecemos, por excelência, de poupança é a busca de ativos de renda fixa, mas ela cada vez remunerará menos”.
Os jornalistas Mara Luquet e Luiz Artur Nogueira falaram sobre finanças e foram muito diretos com a plateia: “as tristezas não pagam dívidas”, disparou Mara. “Vejam bem, a responsabilidade pelo planejamento da aposentadoria é de cada um de nós. Estamos vivendo uma revolução na configuração das famílias: existem famílias com menos ou sem filhos e os 50+ estão divorciando-se porque querem viver outras vidas. Recomendo adotar novos hábitos de economizar. Viver muito é bom, mas custa caro”. Luiz Nogueira também reforçou a importância da economia. “Não temos a cultura da poupança, o que deveria ser ensinado nas escolas. Temos que aprender a poupar desde crianças. Temos que pensar no longo prazo. Quanto mais longo o prazo, maior a possibilidade de diversificação dos investimentos, evitando sempre os mais especulativos, como os cambiais e as criptomoedas”.
Foi abordado, também, o Marketing voltado à Longevidade, em um debate que contou com as presenças de Bete Marin, cofundadora do Hype60+, e Layla Vallias, uma das coordenadoras do Tsunami60+. Odontologia, nutrição e saúde sexual dos 50+ formaram os debates que encerraram as discussões do dia. As especialistas falaram sobre a comunicação e a compreensão no diálogo com os longevos. “Nosso grande mérito é o poder da escuta. Isto nos permitiu construir um vínculo efetivo com eles, com quem definimos uma comunicação clara e eficiente. “É preciso respeitar certas questões e particularidades. O design universal, ou seja, ter uma estética simples, direta e compreensível”, diz Bete.
Localidades longevas
Participando do simpósio, o cônsul geral do Japão em São Paulo, Yasushi Noguchi, contou ao público a experiência japonesa de como enfrentar e superar os desafios de uma sociedade mais velha e da diminuição da população. “No Japão, 27% da população têm mais de 65 anos e esta realidade ainda é nova em três aspectos: uma população mais velha, pouca taxa de natalidade e falta de mão de obra.
A experiência de Veranópolis (RS), considerada pela OMS como Cidade Amiga do Idoso, foi detalhada no simpósio pelo prefeito da cidade, Waldemar de Carli. “Veranópolis é considerada a cidade com a população mais longeva do País. Desde 1994 trabalhamos com longevos. Iniciamos basicamente com pesquisas em saúde, mas nos últimos cinco anos nos voltamos mais para a parte da economia dos 60+”, contou. “Cada vez mais temos um público sênior maior, mais exigente e com boas condições financeiras, o que vai trazer avanços enormes para a economia, turismo, nas áreas social, biológica, cultural e muitas outras. Esta é a revolução prateada; precisamos olhar para este mercado para poder atendê-lo com eficiência”.
Qualidade de vida
O Congresso Brasileiro da Longevidade Seguros Unimed levou ao evento a experiência os atores Laura Cardoso, Eva Wilma, Ary Fontoura e Odilon Wagner, o mediador dessa conversa. Todos eles brindaram a plateia com as próprias experiências de vida ativa após os 50 anos. Todos concordaram que a etapa madura é a “de maior liberdade na vida”. “As artes, tais como cantar, dançar e todas as suas versões, têm uma importância vital para nós, pois permitem uma sensação de felicidade e são formas de expressão e possibilidades de socialização”, disse a atriz Eva Wilma. Laura Cardoso afirmou que o segredo é amar a vida. “Temos que cair, levantar e errar. A vida é um sacerdócio. Outra coisa que é muito importante: leiam! A leitura nos leva a outros mundos”. Ary Fontoura finalizou o encontro dizendo-se surpreso pela quantidade de pessoas interessadas em viver melhor. “Do passado temos que selecionar as melhores coisas e esquecer do resto. O futuro é agora. Aproveitem!”.
O evento também contou com a presença do maestro João Carlos Martins, que regeu a orquestra Camerata Sênior especialmente para o evento. O maestro comentou sobre essa participação: “eu quis mostrar a esse público que a única coisa que é o oposto da vida não é a morte, mas sim a repetição. É a inovação, é a reversão, e é essa a razão pela qual me sinto profundamente orgulhoso de estar num evento onde todos acreditam na trajetória da esperança”, concluiu.
O SESC-SP, que brindou os visitantes com um série de atividades práticas durante os três dias, organizou uma apresentação exclusiva da atriz e cantora Zezé Motta para o encerramento da feira. Com 54 anos de carreira, Zezé considerou um privilégio participar da Longevidade Expo + Fórum. “Já estava na hora de focar nessa questão do idoso. Isso exige, realmente, muita atenção, muito respeito e muita reflexão sobre a importância dele. Chegar à minha idade é um privilégio, mas encontramos obstáculos e limitações e temos que vencê-los. E a arte, nesse sentido, ajuda muito”.
Expectativa superada
Entre os 153 expositores, o consenso foi que a feira superou as expectativas em termos de qualificação e frequência do público visitante. Edilson Silveira, da IDvida, contou que recebeu em seu estande empresários não apenas de São Paulo, mas de outros estados, como Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul e, de modo geral, a empresa fez boas prospecções.
Já Marisa Moura, conselheira da Faculdade Zumbi dos Palmares, disse que “a Longevidade Expo + Fórum tem gosto de quero mais”. “O evento nos deu a oportunidade de trazer uma mostra de nosso conteúdo para o público selecionado e interessado”, concluiu.
Jonathan Lopes, Comercial da Freedom, afirmou que o evento “superou as expectativas pelo número de visitantes qualificados, assim como de terapeutas, cuidadores e empresários interessados em estabelecer negócios”.
Ivan Oliveira, diretor da Oliver Tree, empresa de pesquisa, disse que veio ao evento com o intuito de criar networking com os expositores, mas o resultado foi muito além. “Recebemos visitas qualificadas e muitas consultas que certamente serão prospectadas nos próximos dias com grande potencial de realização de negócios”.
Em busca de conhecimento
O evento reuniu, na primeira edição, mais de 10 mil pessoas em três dias de realização. Longevos de todas as idades passearam pelos corredores, pela Arena da Longevidade, entre os estandes das empresas e atividades que coloriram o pavilhão do Expo Center Norte.
“Achei a feira maravilhosa. O país demorou para perceber que o mundo está envelhecendo e as pessoas estão acordando, percebendo esse potencial que existe, chamado revolução da economia prateada. O fato de acontecer essa feira é um passo fundamental para a melhoria em todas as áreas”, avaliou Maria Helena Silveira, 71.
“Percebo que é uma iniciativa importante quando você percebe um aumento expressivo da população idosa. Aqui estão muitos produtos que eu desconhecia a existência, talvez essa seja a maior importância desse evento: fazer com que o público não só passeie, mas tenha conhecimento dessas coisas que estão à nossa disposição”, disse Raquel Chamusca, 66.
“A impressão sobre a feira foi ótima. Como primeira edição já é um sucesso. Estou acompanhando um grupo de 46 longevos que veio de Jundiaí e a impressão deles é que estão adorando. Acho que falta foco dos empresários desse segmento para atentar sobre o que este público específico necessita. A feira reflete a preocupação dos empresários que estão aqui”, falou Davi Rodrigues, 45.
“Achei muito interessante. Tem muita coisa que estou descobrindo. Tenho uma mãe com 82 anos e, para mim, é muito bacana ver essas possibilidades para as necessidades dela. Achei ótimo”, avaliou Severino Araújo, 57.
O mercado e o público longevo tem um encontro marcado em 2020: a segunda edição da Longevidade Expo + Fórum acontecerá de 01 a 04 de outubro (quinta-feira a domingo), no Expo Center Norte, em São Paulo (SP).
Valeria Bursztein - LongePress