desfiles são espetáculos únicos desde meados dos anos 2000, quando estrearam no Hot Spot, uma plataforma de novos talentos do SPFW.

 

Nesta edição, comemoraram 20 anos com um show no Love Cabaret, com o melhor de seu repertório: peças vestíveis para sua turma de amigos da moda e das artes. Vários deles estavam lá, na passarela, na plateia e até em memória (na linda homenagem da trilha com um áudio de Beto Jamal e a voz de Liana Padilha na música “Baile de Peruas”.)

​

João Pimenta

Mestre da alfaiataria e do cruzamento entre os elementos masculinos e femininos, João Pimenta atualizou seu repertório nesse SPFW N57 com referências do surf, do skate e da cultura de rua. Além dos ternos e trajes para cerimônias que abriram uma janela de mercado enorme para o estilista, ele partiu para a confecção de peças mais casuais, como camisa pólo camisetas estampadas, bermudas e calças cargo.

​

A cartela de cores de rosa velho, tons de bege e cinza remetem ao centenário Edifício Martinelli, no centro de São Paulo. Foi na sua cobertura que desfilaram os 40 looks da coleção, que voltaram cada um pelo menos três vezes à passarela, cada vez com uma nova camada de roupa. Tie-dye e xadrezes completam essa conexão com os movimentos jovens, assim como óculos escuros e tênis da marca Oakley, em uma collab com a marca.

​

Forca Studio

A Forca Studio apresentou um desfile dividido em três partes batizado com o nome de uma música do produtor Moby, “Everyday It’s 1989”. A primeira delas com foco em peças de escritório, peças corporativas, com propostas arrojadas para calça e paletó de alfaiataria e sapatos sociais misturadas com toops cruzados. É numa estratégia de oferecer peças para o cotidiano além da conexão com as festas noturnas que projetou Vivi Rivaben e Silvio De Marchi na moda.

​

O segundo bloco foi de uma colaboração com a marca esportiva Kappa, com peças de peerformance e de street-style. Por fim o bloco da noite, com bodies, calças, jaquetas e botas de couro. A coleção traz um tecido de borracha desenvolvida manualmente por artesãs de tribos da Amazônia, e entre os outros materiais que já haviam trabalhado estão couro, veludo, fóton e tweed. Como novidades tem o paetê e o vinil em verde e cinza. Apesar da imagem forte e a trilha pulsante, no fundo são roupas que podem funcionar tanto no dia-a-dia quanto no noite-a-noite.

​

André Lima

André Lima fez até agora o retorno mais esperado desse SPFW N57, com um desfile que trouxe de volta o glamour e o brilho que conhecemos do estilista à passarela do evento. A coleção tem alguns elementos conhecidos de seu repertório, como os vestidos com pontas, mas já sem as adoradas estampas que o fizeram muito conhecido mundo afora.

 

Chamam bastante a atenção as texturas cabeludas (como nos vestidos, brincos e braceletes de cabelos compridos), nas franjas curtas de um conjunto de saia e camisetão e de uma saia evasê, e nas peças de tricô ou babados de tule.

​

Os looks leves e fluidos, basicamente em preto e branco, vestiram várias das modelos que acompanharam a trajetória de André Lima, como a divina Alessandra Berriel, que fez o catwalking performático dos anos 1980 que só quem viveu, sabe… Desfilaram também: Dani Rotelli, Marina Dias, Diane Conterato, Barbara Berger, Vivi Orth, Drielly Oliveira, cada uma com um cabelo mais dramático. Um bloco supersexy  trazia recortes vazados, às vezes restando apenas faixas cobrindo o corpo. Teve várias opções também de peças casuais, até diurnas, como as entradas de inspiração militar, como uma camisa amarela com bolsos frontais e dragonas e o macacão verde.

Na trilha, um remix da música “Baile de Peruas”, do Noporn, que ficou conhecida ao citar com deboche trechos de críticas aos desfiles de André Lima no passado. É uma homenagem a sua amiga Liana Padilha (1964-2024), que fazia dupla com o DJ Luca Lauri e cantava a faixa. Uma celebração da moda “fashion” e das mulheres que fazem a cabeça do estilista ontem, hoje e sempre.

​

Dendezeiro

A marca Dendezeiro, de Hisan Silva e Pedro Batalha, sempre teve um viés muito autoral para o streetwear. Neste SPFW N57, trabalhou com peças de alfaiataria, atualizando sua imagem para um perfil mais maduro mas ainda com o dedo no pulso com o que há de mais quente no segmento.

​

Teve um foco especial em calças, começando o desfile com modelos cargo em marrom claro, com até oito bolsos utilitários. Foram mostradas nos primeiros looks com complementos divertidos, como um máxi laço nas costas, um sutiã com focinhos de leão e uma camisa branca cropped.

​

Outro modelo que chamou a atenção foi uma calça em que o cós havia sido substituído pela parte de cima de um paletó, com as mangas amarradas na cintura. Ou ainda o efeito duas calças sobrepostas.

​

Mais pro fim do desfile Majur desfilou com um vestido com cauda sereia em que o decote havia sido substituído por um cós e finalizado com uma gravata nos passadores do cinto. São exercícios de design que mostram a vontade de atualização permanente que fazem da Dendezeiro uma das marcas mais quentes de streetwear.